"Invisível aos Olhos: A Luta de um Idoso pelo Direito de Existir"
Desabafo Real: O Grito Silenciado de um Idoso em Situação de Rua
Por Sandro - relato baseado em minha própria experiência.
Este não é um conto de ficção, nem uma história inventada para chamar atenção. Este é o meu grito. Um grito de dor, de indignação e de resistência. Eu sou um idoso, um ser humano que hoje vive nas ruas, esquecido, ignorado e, muitas vezes, tratado como se não existisse.
Ao longo da vida, enfrentei batalhas. Trabalhei, paguei impostos, ajudei outras pessoas. Não sou um “coitado”, sou um cidadão. Mas o tempo passou, as oportunidades rarearam, a saúde foi ficando frágil, e o sistema que deveria proteger os mais vulneráveis virou as costas para mim. Hoje, dependo de uma calçada, de uma sombra qualquer, de um pedaço de papelão para descansar o corpo cansado.
Quando o CRAS e o CREAS são só prédios frios
Um dia desses, depois de passar a noite ao relento, decidi ir até o CRAS da minha região. Era cedo, e mesmo com fome, fui com esperança. Afinal, esses centros existem justamente para atender pessoas em vulnerabilidade social. Mas ao chegar lá, fui tratado como um incômodo.
“O senhor precisa de encaminhamento...”
“Tem que agendar com antecedência…”
“Não temos vaga no momento…”
Palavras frias ditas por profissionais que se esqueceram do que é empatia. Me mandaram de um prédio para outro, como se eu fosse um número, um problema administrativo a ser empurrado para amanhã. E quando finalmente fui ao CREAS, a cena se repetiu. Fichas, espera, olhares desconfiados, nenhuma ação concreta.
Sou idoso, mas sou invisível?
Tenho mais de 60 anos. Segundo a Constituição e o Estatuto do Idoso, eu deveria ter prioridade no atendimento. Deveria ter acesso à moradia digna, à saúde, à alimentação, a tudo aquilo que compõe a dignidade humana. Mas na prática, tudo isso é só letra morta.
O que vi foram profissionais desmotivados, mal treinados, sem empatia. O que senti foi o peso da solidão, da indiferença do Estado. Eles não enxergam que por trás da barba por fazer, do chinelo rasgado e da sacola plástica cheia de tralhas, existe uma vida, uma história, um coração que pulsa.
Viver nas ruas é lutar todo dia
Não é apenas o frio da madrugada ou a fome que dói. É a rejeição nos olhos de quem passa. É a falta de um endereço que me impede de conseguir um benefício. É a burocracia que exige documentos que já foram roubados ou perdidos. É o despreparo de quem deveria me acolher.
Enquanto muitos vivem em suas casas confortáveis, eu luto para encontrar um pedaço de papelão seco. Enquanto alguns se preocupam com a cor do sofá novo, eu só queria uma coberta limpa. E o sistema? Esse continua girando, como se nós, os sem-teto, não existíssemos.
O silêncio das autoridades
Já enviei relatos para ouvidorias, já fui ao Ministério Público, já gritei por ajuda nas redes sociais. Mas até agora, ninguém fez nada. Ninguém apareceu. O CRAS e o CREAS continuam funcionando como se fossem apenas prédios bonitos para fotos institucionais. A assistência prometida nos papéis não chega ao chão onde durmo.
Quantos mais vão precisar morrer nas ruas até que algo mude?
Sou só mais um? Talvez. Mas enquanto eu estiver vivo, vou denunciar. Não por vingança, mas por justiça. Porque hoje sou eu, mas amanhã pode ser seu pai, seu avô, seu irmão.
Quantos idosos estão sendo esquecidos, jogados à própria sorte, como se fossem lixo social? Até quando vamos fingir que isso não acontece?
O que eu peço?
- Que os profissionais do CRAS e CREAS sejam treinados com mais humanidade.
- Que haja fiscalização real sobre os atendimentos prestados.
- Que a prioridade do idoso não seja só uma placa na parede, mas uma ação concreta.
- Que o povo brasileiro volte a olhar nos olhos de quem vive nas ruas.
- Que a fé, a compaixão e a justiça social saiam das igrejas e entrem nos gabinetes públicos.
Minha voz não será calada
Não escrevo este texto para que tenham pena de mim. Escrevo porque preciso ser ouvido. Preciso que saibam que eu existo, que muitos como eu ainda esperam ser acolhidos. Ainda temos fé, ainda temos esperança, ainda acreditamos que é possível mudar.
Se você leu até aqui, por favor, compartilhe. Divulgue. Copie. Poste. Leve minha voz para mais longe. Talvez alguém, em algum lugar, se levante para fazer o que o sistema não fez.
Meu nome é Sandro. Sou idoso. Estou em situação de rua. E exijo ser tratado como um ser humano.
Este texto é baseado em um relato verídico de Sandro, publicado com o objetivo de promover justiça social, despertar consciência e denunciar o abandono de pessoas em situação de rua no Brasil. Todos os direitos reservados.

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