O Último Gole - Por Sandro Chequetto O Último Gole Por Sandro Chequetto A noite já cobria Cachoeiro de Itapemirim quando Sandro cruzou a porta do Bar do Zé . O cheiro de madeira envelhecida e de cerveja barata misturava-se ao som do jogo do Flamengo na televisão. Ele sabia que não devia estar ali. Depois de anos lutando contra o álcool, aquela recaída de 24 horas era uma sentença que ele próprio assinava. Mas, naquele instante, não era a razão que falava—era o vício, a saudade do gole. Zé, o dono do bar, nem precisou perguntar. Apenas serviu, em silêncio. — Voltei, Zé — Sandro disse, segurando o copo e encarando o próprio reflexo na mesa úmida. Zé suspirou. — Não precisava. No canto oposto, Seu Jeremias , um senhor de barba branca que ninguém sabia de onde vinha, apenas observava. Não era freguês, não bebi...